quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O aprendiz de ditador

(Três adendas no final deste texto.)
Barack Obama proferiu ontem perante os membros das duas câmaras do Congresso mais um discurso do Estado da União. E, como era previsível, nada teve de verdadeiramente novo e de substancial; pelo contrário, nele abundaram frases feitas, as ilusões e as promessas já habituais e conhecidas… até a de encerrar a prisão de Guantánamo! Pior: terá copiado partes de um discurso feito por George W. Bush em 2007! Sinceramente: algo do que ele disse no Capitólio merece seriamente ser acreditado ou considerado? Aliás, porque é que ele se deu ao trabalho de ir até lá e falar (durante mais de uma hora)? Só pode ter sido para provocar…
… Porque ele já deu a entender frequentemente, e com especial insistência nas últimas semanas, que não hesitará em usar e abusar (d)as ordens executivas – e da intervenção do governo federal e dos seus departamentos – se os legisladores não mostrarem maior vontade e rapidez em concretizar a agenda presidencial; ou, por outras e poucas palavras, que não precisa da Casa e do Senado seja para o que for. As ameaças têm-se sucedido, quer indirectamente, através de depoimentos por fontes não identificadas da Casa Branca, quer directamente, através de discursos em que o Sr. Hussein diz que tem «uma caneta e um telefone» e que actuará por conta própria sem o Congresso… não uma mas duas vezes! Mark Levin não duvida – e não é o único – de que o Nº 44 está a proceder a um «golpe de Estado gradual e silencioso»… o que não é verdade, porque ele não tem parado de proclamar, alto e bom som, quais são as suas verdadeiras intenções…
… Que estão em consonância com as habitualmente demonstradas por um qualquer ditador… ou aprendiz de ditador. A que não falta, para a caricatura em traços africanos e sul-americanos ser completa, a alegada preocupação com as agruras do povo através da recente e constante referência ao problema da «desigualdade de rendimento» («income inequality»)… enquanto, em simultâneo, no que é uma demonstração, mais uma, de hipocrisia, não corta nos luxos, pagos pelos contribuintes, para si e para a sua família – as férias de Natal e de Ano Novo no Havai terão custado aos contribuintes cerca de quatro milhões de dólares; e ainda teve o descaramento de criticar os políticos que foram passar a quadra natalícia nas suas terras com as famílias e que deixaram problemas por resolver, quando ele próprio esteve mais de duas semanas longe de Washington… Junte-se a isso a festa do quinquagésimo aniversário de Michelle Obama, cujo custo até Jonathan Karl quis saber, e fica desmascarada a suposta preocupação com os mais pobres.   
A hipocrisia vai mais longe e é mais grave, porque têm sido as suas decisões, as suas políticas, que mais têm contribuído para essa «desigualdade de rendimento», que é real e que tem uma dimensão que há muito tempo não era atingida. Não acreditem nos que dizem que a economia dos EUA está bem, está melhor, a progredir, a «recuperar». Os verdadeiros números indicam precisamente o contrário. Eis alguns mais recentes: o país saiu da lista dos «dez mais» em liberdade económica; em Dezembro só 74 mil empregos foram criados; 91,8 milhões de pessoas não estão na força de trabalho; a taxa de desemprego real é de 37,2%. Aliás, a insistência bastante estridente da Casa Branca junto do Congresso na aprovação de uma extensão do subsídio de desemprego é a demonstração inequívoca de que, neste âmbito, as percentagens oficiais não são credíveis. E o anúncio de que Barack Obama vai aumentar, por ordem executiva, o salário mínimo de (alguns) funcionários públicos é não só outro indício da fragilidade económica do país e da necessidade de «consolidar as bases» (leia-se «sindicatos»): também é mais uma confirmação dos impulsos – ditatoriais – do Sr. Hussein. Ele continua a esquecer-se, ou a não querer saber, de que não governa sozinho e que deve negociar com a oposição (Ronald Reagan e Bill Clinton fizeram-no): os republicanos têm tanta legitimidade eleitoral e democrática quanto ele, pelo que têm o direito e o dever de fazerem o «obstrucionismo» que quiserem.    
O declínio dos EUA na economia sob Barack Obama só é igualado, e talvez superado, pela desagregação na política externa. O «Grande Satanás» já não é respeitado nem receado. Com efeito, no Irão gostou-se tanto do acordo que supostamente travaria a nuclearização dos «ai-a-tolas» que o seu presidente, Hassan Rouhani, alardeou que «as potências mundiais renderam-se»; e o ministro dos negócios estrangeiros, Mohammad Javad Zarif, garantiu (à CNN) que «não concordámos em desmantelar fosse o que fosse»… uma semana depois de ir a Beirute depor uma coroa de flores no túmulo de um dos maiores/piores terroristas de sempre, Imad Mughniyeh, do Hezbollah, culpado e/ou envolvido de/em vários atentados contra norte-americanos. Entretanto, o embaixador iraquiano em Washington, Lukman Faily, critica BHO e compara-o desfavoravelmente a George W. Bush. No Afeganistão a (aqui, sim, verdadeira) «guerra às mulheres» nunca foi tão grave. Atendendo a tudo isto, são verdadeiramente surpreendentes as revelações de Robert Gates no seu livro «Duty», recentemente editado, sobre a incompetência, inexperiência e/ou leviandade não só do Nº 44 mas também de Joe Biden e de Hillary Clinton? No Reino Unido, Hew Strachan, conselheiro das forças armadas britânicas, é ainda mais… expressivo: Obama é «cronicamente incapaz» em termos de estratégia, e, ao contrário de GWB, não tem qualquer «senso sobre o que quer fazer no Mundo», o que explica a maneira «maluca» como a crise na Síria foi tratada pela Casa Branca.      
Não há melhor sinal – e prova – do desastre que é esta presidência do que a multiplicação de democratas a criticá-la. Brian Schweitzer, ex-governador do Montana e potencial candidato para 2016, não consegue apontar um único aspecto positivo daquela: «a minha mãe disse-me que "se não tens nada de simpático para dizer muda de assunto”». Ann Kirkpatrick, congressista pelo Arizona, menciona num anúncio a «espantosa inépcia» na aplicação do «ObamaCare». Fareed Zakaria, apresentador e analista na CNN que já foi «conselheiro informal» do Sr. Hussein, referiu-se ao acordo com o Irão como um «descarrilamento». Howard Finemann, da MSNBC, afirmou que, com 43% de popularidade, Barack Obama «não é levado a sério» em Washington. E há o ex-membro do gabinete de BHO, citado, mas não identificado, por Peter Hamby da CNN, que admitiu que o Nº 44 «é realmente bom a fazer campanha. Talvez não a governar». Que «novidade»!
O facto de, regularmente, Barack continuar a dar… «barraca» também não ajuda a que os seus camaradas mantenham a confiança nele. Em Novembro passado emitiu uma ordem executiva sobre as «alterações climáticas» prevendo (e alertando para) as «temperaturas excessivamente altas» que, supostamente, estavam já a prejudicar a saúde pública… sim, o «aquecimento global» é tal que, por causa do frio e da neve, na Geórgia foi declarado o estado de emergência e na Flórida foram encerradas escolas; mais recentemente, em vez de «Dominican Republic» disse «Dominican Republican», e que foram precisos «150 anos» depois da guerra civil para os negros se aproximarem da igualdade formal com os brancos. Fossem estas, e outras, gaffes de GWB e já teriam sido largamente divulgadas…
No início de Janeiro, em discurso no Senado em que apelou a uma cooperação bi-partidária, Harry Reid declarou que o objectivo dos republicanos no Congresso é «fazerem tudo o que puderem para que o Presidente Obama fique mal visto». O velho sacana do Nevada que não seja injusto: como já está amplamente demonstrado, o «Barry» é capaz de conseguir isso sozinho.
(Adenda – Ainda sobre o discurso do Estado da União são de ler, entre outros, os artigos de Chriss W. Street, Douglas E. Schoen, Erick Erickson, Howard Kurtz, John Fund, Michael Snyder, Mike HuckabeeRon Fournier e Todd S. Purdum.)
(Segunda adenda – Vários outros observadores, entre os quais Glenn Beck, utilizam a palavra «ditador» a propósito de Barack Obama. Não surge por acaso, não é um insulto injustificado: é um termo confirmado pelo seu comportamento, pelas suas afirmações e acções. Ele já disse que não é um, mas a verdade é que a reincidência em hipocrisias e mentiras não é característica de um autêntico adepto da democracia. Exemplos? No discurso da passada terça-feira ele: criticou a diferença salarial entre homens e mulheres nos EUA… que, porém, se verifica na Casa Branca (!); «exagerou» o número de inscrições no ACA; e «garantiu» que o Irão já começou a eliminar as suas reservas de urânio enriquecido. É por isto, e muito mais, que alusões a alegados «puxões de orelhas» feitos por BHO aos republicanos, como no Público e no Sol, são ridículas. Se há alguém que se tem portado infantilmente… é o «Barry».)
(Terceira adenda – Uma coisa é Barack Obama ser entrevistado… ou, melhor dizendo, ser bajulado por adoradores impenitentes que deitam fora a deontologia profissional em prol do «querido líder». Outra coisa, bem diferente, é ele ser entrevistado… ou, melhor dizendo, ser interrogado por verdadeiros jornalistas. Como Jake Tapper e Bill O’Reilly (parte um, parte dois).)       

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Ano Seis

(Três adendas no final deste texto.)
Tivesse Barack Obama perdido em 2012 e muito provavelmente não estaria o Obamatório a entrar hoje no seu sexto ano de existência e de actividade. Na verdade, o ano cinco que agora termina muito provavelmente teria sido suficiente para fazer o «inventário», e o «balanço», de uma presidência que em quatro anos muito prejudicou os Estados Unidos da América, tanto interna como externamente. Agora, imaginem-se os danos adicionais que mais quatro anos poderão causar…
Assim, e enquanto ele continuar na Casa Branca, aqui estarei para ajudar a denunciar e a desmascarar, para os cibernautas de língua portuguesa (e não só) que me dão o privilégio de visitar regularmente este sítio, todas as malfeitorias que o actual presidente e o Partido Democrata infligem aos EUA, malfeitorias essas em relação às quais a generalidade da comunicação social portuguesa faz tudo o que é possível para dissimular e desvalorizar. E há que reconhecer que, aparentemente, estão a ter sucesso, porque de contrário não continuariam a existir, na blogosfera (e não só), várias demonstrações – das mais «pesadas» às mais «leves» - de ignorância e de preconceito relativamente ao que acontece do outro lado do Atlântico…
… Que eu faço por contrariar sempre que as detecto e que se justifica. Neste âmbito ainda se encontra um pouco de tudo, incluindo temas que já são «clássicos»: a justificação e a legitimidade da guerra do Iraque, e o impacto daquela no património histórico do país; alusões às alegadas incapacidades de George W. Bush e à alegada inumanidade de Dick Cheney; os membros do Tea Party que são «extremistas»; Sarah Palin enquanto «idiota» ou «estrela cadente» que supostamente não distingue a Chechénia da República Checa (aqui e aqui). Também surgiram assuntos, ou perspectivas, algo surpreendentes, tais como a suposta «austeridade» que se verifica nos EUA com Barack Obama (muito pelo contrário), ou a falência de Detroit como caso isolado (não é, apesar de ser de facto o pior do género). Além da política e da economia, também pretextos para se discutir a cultura: as implicações de filmes como «Lincoln» e «The Butler», se Frank Miller é «fascista» e se Orson Scott Card é «racista» e «homófobo». De caminho, um pequeno «desvio» para se contestar mais uma atoarda contra Israel
2013 ficou assinalado na política norte-americana como o ano em que mais se acumularam e se acentuaram os escândalos envolvendo Barack Obama e o Partido Democrata. Porém, isso não é apercebido lendo, vendo e ouvindo unicamente a comunicação social portuguesa. De todas as «broncas» apenas uma teve – aliás, ainda tem – considerável eco deste lado do Atlântico: a das «escutas» feitas pela National Security Agency e as concomitantes revelações feitas por Edward Snowden – o que se percebe, dadas as implicações internacionais do caso, traduzidas na vigilância que a NSA também faz de muitos «alvos» em todo o Mundo (incluindo Angela Merkel!), e não apenas nos EUA. Quanto aos outros, tão ou mais graves como aquele, como o do IRS a perseguir e a punir conservadores, o Departamento de Justiça a espiar jornalistas, a implementação fracassada e fraudulenta do «ObamaCare» e – o pior de todos – o ataque em Benghazi de que resultaram mortos e feridos por culpa da actual administração, pouco se falou…
… Pelo que se o Sr. Hussein for objecto de uma impugnação ou for suscitada a sua demissão, o que não é de todo improvável dadas as ilegalidades em que está implicado, serão bastantes os que em Portugal ficarão espantados. O que não seria inesperado: não duvido de que muita gente neste país acredita que é o Republicano o partido do racismo, da segregação e da escravatura.  
(Adenda –A 18 e a 19 de Janeiro últimos a RTP2 exibiu as duas partes de um documentário – na verdade, uma acção de pura propaganda – a que deu o título «Barack Obama – Grandes Expetativas». Ao menos por uma vez essa idiotice ilegal, inútil e prejudicial chamada AO90 serviu para resumir correctamente uma situação… a de que, com o actual presidente, os EUA estão mesmo a «espetar-se».)
(Segunda adenda – Simbólica e sintomática dos cinco anos da presidência de Barack Obama, e da incompetência e da irresponsabilidade que a caracterizam, é a escolha para próximo embaixador na Noruega: George Tsunis, de ascendência grega (!), milionário que foi dos maiores apoiantes financeiros do Nº 44 em 2012. Que, numa audiência no Senado no dia 22, demonstrou a sua ignorância – e a sua incapacidade – para o cargo ao classificar como extremistas, ou «elementos de franja» («fringe elements»), os membros de um dos partidos da coligação que suporta o governo norueguês, e, pior ainda, por, aparentemente, não saber que aquela nação escandinava é uma monarquia e não uma república. Previsivelmente, os visados já protestaram e exigiram um pedido de desculpas ao próprio BHO. Apetece dizer: é castigo por terem dado o Prémio Nobel da Paz ao Sr. Hussein!)
(Terceira adenda - Mais um candidato a embaixador que demonstra a sua ignorância. Mas ao menos este - Max Baucus, actual senador democrata pelo Montana, nomeado para a China - admite-o inequivocamente, afirmando perante o Senado que «não sou um verdadeiro especialista» naquele país. Enfim, é também assim que se faz a tal «política externa de sucesso» obamista...)     

domingo, 12 de janeiro de 2014

«The (New York) Times isn’t a-changin’»

(Três adendas no final deste texto.)
No conjunto de órgãos de comunicação social dos Estados Unidos da América que formam a habitualmente designada mainstream media – ou lamestream media, como lhe chama Sarah Palin – e que funcionam oficiosamente, quando não declaradamente, como extensões, suportes do Partido Democrata e da esquerda norte-americana, nenhum é mais antigo, fulcral e preponderante do que o New York Times. E não é só no âmbito doméstico que a sua má fama começou a ser construída cedo: nos anos 30 o famigerado Walter Duranty visitou a União Soviética e de lá enviou para publicação no NYT uma série de reportagens em que elogiava a acção de Josef Stalin e do Partido Comunista, ignorando as atrocidades cometidas ou permitidas por aqueles, em especial os julgamentos e fuzilamentos sumários e a grande fome na Ucrânia.       
Vale tudo para a denominada «Grey Lady» no apoio e na defesa das causas e das pessoas em que acredita. Exemplo mais recente – e ridículo – disso é o «artigo de investigação» publicado em 28 de Dezembro último e escrito por David D. Kirkpatrick sobre o atentado ao consulado de Benghazi, na Líbia, em 11 de Janeiro de 2012; entre as suas «conclusões», estão as de que o ataque foi motivado por um vídeo «anti-Islão» (excerto de um filme, ou pequeno filme) colocado no YouTube, e que aquele foi conduzido por uma organização sem ligação à Al-Qaeda – asserções anteriormente desmentidas por entidades como o Pentágono e por indivíduos como Gregory Hicks, Nº 2 do embaixador Christopher Stevens (uma das quatro vítimas mortais) à data dos acontecimentos. Tratou-se de um trabalho tão mau que até algumas fontes do Washington Post na actual administração duvida(ra)m dele! A intenção desta paródia de um verdadeiro jornalismo foi evidente para todos: (tentar) desculpabilizar, inocentar, Hillary Clinton de quaisquer responsabilidades – que as teve, e grandes, e graves – do que aconteceu na Líbia, e, assim, (tentar) remover um desagradável obstáculo na sua mais que provável «corrida» à presidência dos EUA em 2016. No que, evidentemente, não terá qualquer sucesso – no «apagamento» do caso, claro, porque quatro cadáveres não deverão ser impeditivos de muitos (levianos, supérfluos) democratas votarem, mesmo assim, em Hillary…
… Entre os quais estará, decerto, Thomas Friedman, um dos mais (tristemente) conhecidos colunistas do jornal, e para quem Benghazi não é, não foi, um escândalo, e os republicanos estão ao nível dos membros do Hezbollah. Outros «operativos opinativos» de má fama do New York Times são Paul Krugman e Maureen Dowd, que, ocasionalmente, parecem concertar-se para, na mesma edição, entrarem em histeria colectiva. Enfim, uma «confraria confrangedora» onde sem dúvida se integrará muito bem uma das mais recentes «aquisições» do jornal, o egípcio Alaa Al-Aswany, notório por ser adepto de teorias da conspiração anti-israelitas. Sem esquecer os editoriais (não assinados) do NYT, incessantes exercícios de humor: num dos mais recentes assegurava-se que Barack Obama não se havia exprimido bemmisspoke») ao repetir, dezenas de vezes, que com a implementação do «ObamaCare» quem gostasse do seu seguro de saúde poderia mantê-lo; um conceito que foi retomado e «reformulado» posteriormente, agora numa «notícia», ao classificar-se que tais garantias por parte do presidente – que viriam a revelar-se infundadas – não eram mais do que «promessas incorrectas». O contorcionismo que certas pessoas fazem para não utilizarem a palavra «mentira(s)»…
Na verdade, as secções informativas do New York Times não são necessariamente melhores do que as de opinião: na sua redacção há quem tenha dificuldade em situar num mapa o Dakota do Norte e o Dakota do Sul (algo que não costuma acontecer em qualquer jornal escolar), quem duvide da existência do denominado «knockout game» enquanto tendência (mas não são os únicos a fazê-lo) e quem se recuse a renunciar ao conceito - falacioso, fraudulento - de «aquecimento global» apesar de recordes negativos de temperatura, de décadas e até de um século, estarem a ser batidos nos EUA neste Inverno (idem) – tal como outros media, o NYT também não informou os seus leitores sobre o que iam fazer os cientistas resgatados há cerca de duas semanas de um navio preso nos gelos da Antárctida (onde, recorde-se, agora é Verão)… O facciosismo é tanto que o jornal nem costuma recensear, e, logo, divulgar, os livros de autores conservadores que costumam liderar a sua tabela de vendas de não-ficção!
Seja pela qualidade que diminui (e que, efectivamente, nunca foi muita) e/ou pela quantidade (receitas) que não aumenta, o certo é que são cada vez mais aqueles que saem do Nº 620 da Oitava Avenida. Um dos que ainda estão lá, Dean Baquet, confessou, numa conferência realizada na Universidade Estatal da Pensilvânia em Outubro, que «o meu único medo é que o ofício de testemunhar e de reportar a verdade venha a morrer». No jornal dele isso já aconteceu há bastante tempo… A todos os ignorantes, iludidos, ingénuos, que ainda tomam o NYT como uma (boa) referência de jornalismo fica o conselho: deixem de o fazer. Bob Dylan cantou em 1964 «the times they are a-changin’». Porém, o New York Times não muda. Correcção: mudará quando for fechado. O que já esteve mais longe de acontecer.
(Adenda – Até Dianne Feinstein rejeita a investigação do New York Times sobre Benghazi!)
(Segunda adenda – O carácter, bom ou mau (ou a falta dele), de uma instituição também é consequência do carácter das pessoas que nela têm influência. Bill Keller, que foi editor executivo do New York Times entre 2003 e 2011 (entrou para o jornal em 1984), recentemente escreveu um artigo em que desvaloriza, e até mesmo despreza, uma mulher que sofre de cancro – basicamente, repreendeu-a por se queixar publicamente das deficiências no tratamento que recebe; não é de crer que Keller seja republicano, porque os membros do GOP é que são frequentemente acusados de fazer «guerra às mulheres» e de querer que os doentes «morram depressa». Entretanto, no NYT continua a ter-se grande dificuldade em escrever-se «bebé» para referir uma criança ainda no ventre da mãe – preferem a palavra «feto», mesmo quando este está quase no sexto mês de gestação.)
(Terceira adenda – O New York Times celebrou efusivamente, incluindo um destaque de primeira página, os 50 anos de Michelle Obama; quando Laura Bush fez 60 o tratamento dado pelo jornal foi um «pouco» diferente… mas, mais uma vez, é verdade que o NYT não foi caso único na «graxa» dada à actual primeira-dama. Entretanto, entre as pessoas preferidas do «fishwrap of record» está também Carter Camp, criminoso condenado, cadastrado, que, por ser um «líder índio americano», mereceu uma elogiosa elegia aquando do seu falecimento na semana passada; em certas redacções qualquer radical que recorra à violência, desde que pelas «causas certas», merece habitualmente uma cobertura favorável, póstuma ou não - lembre-se o caso dos «ocupas» de Wall Street.)      

sábado, 4 de janeiro de 2014

A mais estúpida de 2013

(Três adendas no final deste texto.)
Quem terá sucedido a Chris Matthews como o/a «orgulhoso(a)» detentor(a) da afirmação mais estúpida, mais ofensiva, mais ridícula do ano nos Estados Unidos da América? Sim, é verdade: para grande tristeza dos seus inúmeros (?) admiradores, o homem cuja perna treme(u) por Barack Obama não venceu o «troféu» pelo segundo ano consecutivo. O que não quer dizer, obviamente, que o «estadista da MSNBC» (Phil Griffin dixit) não tenha dito, ou cuspido, muitas e grandes alarvidades em 2013. Porém, nenhuma delas, «objectivamente», pode ser considerada a pior. Nada do que ele disse desta vez (no ano passado) foi tão mau ou «originalmente» mau…
... Como qualquer das frases «finalistas» que a seguir vão ser recordadas, referidas, reveladas. Nenhuma delas foi antes mencionada no Obamatório – onde, habitualmente, são divulgadas as mais espectaculares idiotices proferidas pelos esquerdistas norte-americanos – porque, precisamente, eram, são, más de mais para serem verdade(s), isto é, para terem sido mesmo ditas e/ou escritas. Mas… são, foram, mesmo, e por isso merecem um «destaque especial». Pode-se começar, precisamente, pelo actual presidente, que afirmou que «não sou uma pessoa particularmente ideológica» (não faltam exemplos do contrário) e que classificou os escândalos que têm afectado os seus mandatos como sendo «artificiais», «falsos» («phony») – porque, claro, «só» é mesmo escândalo quando um republicano está envolvido. Na mesma linha, a sua fiel ex-embaixadora e actual conselheira Susan Rice considerou que Benghazi representa uma «falsa controvérsia» - há que não esquecer que ela mentiu descaradamente (e não foi a única) quanto às causas do atentado que matou quatro norte-americanos na Líbia em 2012. Já John Kerry não quer envolver-se em controvérsias alheias: na Arábia Saudita recusou responder a uma pergunta sobre a luta das mulheres daquele país para conduzirem automóveis, refugiando-se na desculpa de que a questão deve apenas ser debatida a nível interno – ficamos a aguardar a próxima vez em que um seu camarada de partido fale da suposta «guerra às mulheres» perpetrada pelos republicanos. Ainda sobre assuntos «bélicos», de assinalar que: Jeff Shesol, ex-escrevinhador de discursos para Bill Clinton, escreveu para a revista The New Yorker um artigo intitulado «A guerra republicana à competência»… no início do colapso do «ObamaCare»; e que Andrea Mitchell, da MSNBC, acredita que Obama encara o lançamento de ataques militares «sempre de uma perspectiva anti-guerra muito cautelosa»…
Estas afirmações, declarações, opiniões, estão entre as mais estúpidas porque ou denotam uma elevada parvoíce por parte de quem as profere… ou porque os seus autores tomam os outros por parvos. Assinalam extremos de hipocrisia, de desonestidade intelectual… ou de puro e simples alheamento da realidade. Outros exemplos: Colin Powell a asseverar que «não existe fraude eleitoral» nos EUA; e John Podesta, operacional de Bill Clinton e de George Soros, e que, acabado de ser nomeado como chefe de gabinete de Barack Obama, achou por bem dizer que «um culto digno de Jonestown tem a seu cargo uma das casas do Congresso»… No entanto, não são as mais estúpidas das mais estúpidas porque não advogam, implícita ou explicitamente, a violência – agressão ou até mesmo a morte – contra terceiros, habitualmente adversários ideológicos. As seguintes, entre as quais está a «vencedora» de 2013, fazem exactamente isso. Destaca-se, desde logo, e inevitavelmente, Martin Bashir, que sugeriu que alguém deveria urinar na cabeça e defecar na boca de Sarah Palin porque a ex-governadora do Alaska comparou o aumento da dívida à escravatura. Resultado? Duas semanas depois, Bashir saiu da MSNBC. Sim, significou um cúmulo de mau gosto, e de ódio, provavelmente nunca antes alcançado. Todavia, não foi a «mais estúpida» porque não exprimia o desejo de que o «alvo» morresse. O que as seguintes fazem, e de que maneira…
… Sendo a primeira – e «medalha de bronze» - um título de um artigo de Ella Taylor para a NPR: «Conheçam Brandon Darby», activista de base (e rato do FBI)». Porquê «rato»? Porque ele descobriu, e denunciou às autoridades, um plano, e respectivos conspiradores, para colocar uma bomba na convenção de 2008 do Partido Republicano. Repare-se bem: uma «jornalista» de um órgão de comunicação social «público» a criticar alguém que impediu que conservadores fossem mortos num ataque terrorista – e, subliminarmente, a apelar à sua eliminação. Não é um «modelo» para a profissão? A seguir («medalha de prata»), vem Charles Cook, «analista político», que queria (será que ainda quer?) ver Chris Christie ir à garganta de um membro do Tea Party que lhe chamasse «liberal» e «arrancar-lhe os pulmões. Pagaria dinheiro para ver isso». E, finalmente («medalha de ouro), eis «a mais estúpida (afirmação) de 2013», que é…
… «Talvez pudéssemos lançar uma intervenção naqueles Estados que estão a fazer uma guerra à democracia, revertendo direitos eleitorais?», proferida por Katrina vanden Heuvel, editora da (esquerdista) revista The Nation. Por outras palavras, o que este «furacão Katrina» propõe é que Barack Obama realize intervenções militares nos Estados dos EUA (enfim, serão menos do que 57…) que aprovaram leis que obrigam à apresentação de um cartão de identificação com fotografia aquando de uma votação. Enfim, é algo que sem dúvida George R. R. Martin aprovaria e apoiaria – e até seria capaz de escrever um livro sobre isso. E Colin Powell poderia sair da reforma e comandar as operações no terreno!
(Adenda – Ainda há tempo e espaço para, pelo menos, duas «menções desonrosas». A primeira é – porque ela «merece» sempre! – para Nancy Pelosi, que, aquando da «trapalhada» do Sr. Hussein com a «linha vermelha» na Síria, «twitou» que «a liderança do Presidente Obama trouxe as soluções diplomáticas de volta à mesa, e mostra a sua vontade de esgotar qualquer remédio antes do uso da força»… não é para rir? A segunda é para Maria Rodale, CEO do grupo de media com o seu nome, que enviou uma carta ao Nº 44, em que, a propósito também da guerra civil naquele país, escreveu: «Nós não somos melhores. Temos vindo a usar armas químicas contra as nossas próprias crianças, e nós próprios, há décadas, as armas químicas que usamos na agricultura para ganharmos a guerra às pragas, ervas daninhas, e a necessidade falsa de ainda maiores proventos»... marque-se já uma sessão extraordinário do Tribunal Internacional de Haia!)
(Segunda adenda – Aparentemente, Katrina vanden Heuvel fez questão de «confirmar» o seu triunfo… com mais uma estupidez. Nada original, porém: disse que «o racismo é o cerne do Tea Party». Entretanto, e confirmando o que eu escrevi acima sobre o dúbio conceito de «guerra às mulheres» constantemente apregoado pelos democratas contra os republicanos, Richard Socarides, antigo conselheiro de Bill Clinton, afirmou que desafiar, querer derrotar eleitoralmente, mulheres que são congressistas democratas incumbentes é… fazer «guerra» a elas! «Coitadas»! Acabe-se já com a democracia, e essas «afrontas» desaparecem!)
(Terceira adenda – Das muitas «listas» de fim de ano que foram feitas – e que são feitas habitualmente – na viragem de um para outro, é de destacar uma que foi apresentada pela Judicial Watch: «os dez políticos mais corruptos de 2013». Oito são democratas.)